Uma interpretação controversa

No Evangelho de Mateus, lemos que quando José descobriu que Maria estava grávida, ele planejou encerrar o noivado, mas apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e revelou-lhe que a criança foi concebida pelo Espírito Santo. Mateus vê esses eventos como o cumprimento da profecia de Isaías (7:14): "a virgem ficará grávida e dará à luz um filho". A interpretação de Mateus sempre foi assunto de debate. Como foi a leitura desse versículo nos textos judaicos pré-cristãos?

Um nascimento virginal?

“Moça”, na Tanach

Descubra a novidade

Primeiramente, vamos esclarecer o significado do substantivo em hebraico aqui. No texto original de Isaías em hebraico, vemos a palavra “almah”. Ela é utilizada sete vezes na Tanach, geralmente no sentido de “moça”; entretanto, essa palavra não sugere necessariamente o sentido de “virgem”. Assim, o texto em hebraico de Isaías 7:14 diz: “A moça ficará grávida”. Portanto, não há razão para presumir que sua gravidez foi milagrosa.

“Virgem”, na LXX

Infelizmente, não temos textos judaicos pré-cristãos suficientes discutindo esse versículo, por isso não podemos chegar a nenhuma conclusão definitiva sobre a interpretação pré-cristã. No entanto, sabemos que a LXX traduziu “almâ” com o termo grego “parthenos”. Embora “parthenos” não tenha necessariamente a conotação de “virgem” na LXX, com certeza essa foi a tradução predominante. “Parthenos” significa “virgem” na LXX de uma forma muito mais consistente do que “almah” na Bíblia hebraica.

Veja os eventos dos evangelhos no contexto judaico

Isso significa que mesmo antes do Novo Testamento, alguns judeus acreditavam em um cumprimento sobrenatural da profecia de Isaías. O relato de Mateus pode ser comparado com alguns comentários judaicos sobre o nascimento milagroso de Moisés. Eles afirmam que Moisés nasceu sem dor, pois sua mãe não estava sujeita ao castigo de Eva.

Israel Institute
of Biblical Studies

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